Inaugurada a 26 de setembro de 1965 pelo então Ministro das Obras Publicas, Eduardo Arantes de Oliveira, a Central Hidroelétrica da Ribeira da Janela é um projeto do arquiteto Chorão Ramalho.
O edifício localiza-se na foz da Ribeira da Janela, concelho do Porto Moniz, a mais extensa e abundante ribeira da ilha da Madeira, com origem no meio das montanhas, e que cruzando as serras, desagua no oceano Atlântico, na freguesia da Ribeira da Janela.
A central implanta-se numa pequena plataforma, na base de um maciço rochoso, que de uma certa forma a “abriga”. Esta situação peculiar levou a que o arquiteto dedicasse espacial atenção à composição arquitetónica e à sua relação com a envolvente, preferindo assumir a dissonância do novo edifício com o ambiente local, daí que houve uma preocupação na relação do edifício com a envolvente, bem como na sua própria valorização enquanto edifício marcante na paisagem.
O projeto de arquitetura, da autoria do arquiteto, Raul Chorão Ramalho, data de 1958. Foi uma figura destacada da geração de arquitetos modernistas portugueses, que se afirmou a seguir ao termo da Segunda Guerra Mundial, com obra em Portugal continental, Madeira e Macau.
O projeto de arquitetura paisagista, para minimizar o impacte negativo na paisagem, ficou a cargo do arquiteto António Viana Barreto.
Chorão Ramalho nasceu em fevereiro de 1914 no Fundão, frequentou o curso de arquitetura na Escola de Belas Artes de Lisboa, transitando mais tarde para a Escola de Belas Artes do Porto onde se formou.
Trabalhou nos Serviços de Urbanização da Câmara Municipal de Lisboa (com Faria da Costa e Keil do Amaral) e na Direção Geral dos Serviços de Urbanização do Ministério das Obras Públicas. Em 1945 iniciou o seu trabalho como profissional liberal. Na Região Autónoma da Madeira possui outras obras, a começar por outra central hidroelétrica, na Fajã da Nogueira, ou o antigo hotel Quinta do Sol, ou o edifício da Escola Primária do Porto Santo, ou até mesmo a adaptação a antiga e secular Alfândega do Funchal à função de Assembleia Legislativa da Madeira.
Na descrição da obra, que consta no Portal dos Monumentos, a Central Hidroelétrica da Ribeira da Janela, construída em estilo modernista, “Apresenta cobertura constituída por lages de betão armado independentes da estrutura de suporte. Os pilares dos pórticos sofrem um engrossamento para assegurar uma maior solidez na zona exposta às águas e conferem robustez ao embasamento do conjunto. Este engrossamento é em parte consequência do sistema de execução do betão que foi contido por blocos de pedra dispostos em elevação formando uma cofragem, ficando como o paramento aparente. Esta pedra é proveniente do leito da ribeira, sendo apenas afeiçoada.”
A Central da Ribeira da Janela foi a primeira das duas centrais hidroelétricas construídas na segunda fase do plano hidroagrícola da Madeira.
Com cinquenta anos de atividade, esta é a única central em regime de funcionamento permanente que está junto ao mar, na foz de uma ribeira, não sendo possível o reaproveitamento da água para irrigação, ou para um segundo patamar de produção. O edifício foi implantado à altitude de 11 metros. A contribuição média anual da central opara a produção de energia elétrica na Madeira é de cerca de 8 GWh.
Um lugar que sem dúvida merece uma visita, já que é um local onde se apreciar as vistas e a natureza de toda a freguesia da Ribeira da Janela, como também apreciar este belo exemplo de arquitetura modernista portuguesa não habitacional.

