Uma das principais características da ilha da Madeira é a orografia acidentada. Montanhas altas e ravinas que se vão suavizando em vales profundos e encaixados, por onde correm cursos de água todo o ano. Este é o cenário de partida para o canyoning, a atividade que permite explorar estes cursos de água, ao longo da corrente, com recurso s cordas que vencem os desníveis.
São “uma forma diferente de ver a Madeira, com acesso a vistas únicas”, explica Fábio Pereira, instrutor de canyoning e proprietário da empresa Be Local. Os cursos de água estão longe das estradas e bem nom interior dos vales e a natureza é praticamente pristina.
A Madeira tem identificados cerca de 125 percursos, mas destes “só utilizamos cerca de dez por cento” na prática do canyoning por lazer. Os restantes são sobretudo desportivos, para competições ou especialistas. Os que restam dividem-se em três níveis de dificuldade. Em todos pode participar a família inteira, desde que ninguém tenha problemas de mobilidade, ou todos saibam nadar. A idade mínima é sete anos e a máxima 75. Por isso é uma atividade indicada para crianças, sobretudo os dois primeiros níveis.
O que diferencia os níveis de dificuldade dos percursos é a altitude dos desníveis, a exigência física e os saltos. Fábio Pereira explica que na Madeira o canyoning é sobretudo técnicas de cordas. Os saltos são uma pequena parte dos percursos.
No nível um, por exemplo, a descida mais alta em rapel é de 15 metros. O nível dois atinge os 25 metros e o nível três os 60 metros. O canyoning pode ser feito ao longo de todo o ano e só mesmo situações de mau tempo podem fazer cancelar a atividade.
Fábio Pereira lidera uma equipa de guias certificados, que acompanham sempre os grupos. Cada percurso tem as suas próprias características, mas todos têm descidas com cordas, muita água (que varia conforme a época do ano) e alguns saltos, todos opcionais.
A equipa tira foto, fornece todo o equipamento, incluindo as botas especiais e garante um seguro, além do transporte para o local da atividade. Mas a atividade é segura e os percursos estão todos cuidados.
O cliente apenas tem de levar um fato de banho, para poder vestir o equipamento e despi-lo no fim da atividade. Ficar molhado é uma certeza. E divertir-se… também.
A Essential fez um percurso no Curral das Freiras, num grupo que incluía crianças. Depois de equipado e de um briefing de segurança, o grupo faz uma caminhada de cerca de 20 minutos, até onde a descida começa. No total são 800 metros d extensão, com um desnível total de 210 metros. O percurso prevê oito rapéis, sendo a cascata mais alta de 15 metros. Quase no final há um salto, opcional, que é uma espécie de tobogã. Permite escorregar por um pequeno desfiladeiro e cair numa pequena lagoa.
A equipa é dedicada e cuida com especial atenção das crianças e de qualquer participante que possa precisar de ajuda. Nos dias de verão é servido um snack durante o percurso, que em média dura três a quatro horas. Os guias são experientes e tornam tudo muito mais fácil.
O canyoning permite ver a Madeira de ângulo que, de outra forma, seria impensável. É como mergulhar no verdadeiro coração da ilha, juntando o contacto com a beleza a uma atividade física cheia de adrenalina.
