Sobranceiro ao mar, no vale que leva à vila da Calheta, há um hectare de terreno acidentado que ganhou nova vida. Os diferentes patamares nos quais o terreno foi nivelado, os socalcos, deram nome a este agroturismo, com um restaurante.
Mas o fundador e mentor do projeto, o Chefe de Cozinha Octávio Freitas, prefere dizer que tem um restaurante com quartos, dando assim ênfase à presença do Razão, o restaurante do Socalco Nature Calheta, distinguido em 2023 com o Prémio Nacional de Turismo, na categoria de turismo gastronómico.
O Socalco Nature Calheta é um todo. E esse todo procura ser sustentável. Octávio Freitas, também distinguido com uma estrela Michelin pela sua liderança do restaurante Desarma, destaca a responsabilidade social por detrás do projeto. “Não houve destruição para construir”, destaca. Cada uma das 8 casas isoladas, ou dos quartos na casa mãe, ou quartos com vista mar encaixados numa parede de basalto foram adaptados em função do terreno.
A construção aproveita o basalto natural da encosta. A propriedade, a antiga casa de um boticário, fazia parte dos terrenos de um convento e tem uma tradição secular na agricultura. Esse espírito mantém-se, a par do uso de materiais leves, com pouco impacto na paisagem, onde as casas se confundem com os arredores, num resultado de harmonia.
Todas as unidades têm painéis solares, a iluminação é feita com lâmpadas LED, com sensores de presença. Há isolamento térmico e vidros duplos, que ajudam na eficiência energética. A água da chuva e dos ribeiros e nascentes é usada na propriedade.
As lamas são tratadas biologicamente através de uma ETAR compacta. Há uma fossa biológica para a receção e tratamento avançado de águas residuais e ainda um separador de gorduras. O uso de plásticos foi reduzido ao mínimo. Todos os resíduos vão para reciclagem. Os amenities nos quartos são fornecidos em embalagens reutilizáveis. Exemplos não faltam.
Toda a propriedade recria os velhos hábitos de uma zona agrícola da Madeira. Os canais de irrigação – as levadas, os terrenos cultivados em patamares – os socalcos, e até a mistura de plantações, com predominância da vinha, ladeada por bananeiras, ervas aromáticas e árvores de frutos, cujas produções alimentam o restaurante, contribuindo para a sustentabilidade.
Além disso o Socalco Nature Calheta compra produtos e outros pequenos produtores da zona, contribuindo para a economia circular. “Há um conjunto de famílias que dependem do Socalco”, diz o Chefe com orgulho, dando o exemplo do parque de estacionamento que foi alugado à paróquia da Calheta.
Além disso destaca que o projeto é amigo do ambiente. Reaproveita a água, por exemplo, aposta na compostagem e desenvolve uma agricultura de subsistência e permacultura.
Na dinâmica do Socalco Nature Calheta a alimentação é um dos focos principais. De manhã são colhidas as frutas, os legumes e as ervas para o pequeno-almoço e restantes refeições. As vinhas fornecem as uvas que produzem os vinhos de assinatura de Octávio Freitas. Toda a ementa é construída diariamente em função do que a terra dá e do que se encontra em produtores locais.
Em suma, apenas 20% por cento da propriedade foi alvo de construção. Os restantes 80% pertencem à Natureza.
E todas estas medidas são integradas de forma harmoniosa no dia-a-dia. O cliente sente bem-estar e tranquilidade e é convidado a participar nas atividades, visitando os terrenos e até ajudando a na agricultura.
No Socalco Nature Calheta a tradição e a cultura são linhas mestras, sempre de forma sustentável e amiga do ambiente.