Gourmet

Jantar de estrelas rumo à Gala Michelin 2026

O Il Gallo D’Oro recebeu parte da elite gastronómica madeirense, no segundo jantar que prepara a Gala Michelin Portugal 2026.

Autoria Paulo Santos

O Il Gallo D’Oro, detentor de duas estrelas Michelin e de uma estrela verde, voltou a assumir o papel de palco maior da alta cozinha madeirense ao receber o segundo jantar do ciclo “A Taste of the Stars”, iniciativa que prepara o caminho para a Gala Michelin Portugal 2026, marcada para 10 de março, no Funchal, no hotel Savoy Palace.

Pensados como uma mostra da vitalidade gastronómica da ilha, estes jantares reúnem cozinheiros estrelados e recomendados. O primeiro encontro decorreu no Desarma (uma estrela Michelin); o terceiro terá lugar no restaurante William (uma estrela Michelin). No Il Gallo D’Oro o ciclo teve como anfitrião Benoît Sinthon, o premiado com a primeira estrela Michelin da Madeira, em 2009 e com a segunda, em 2017. É o decano da Michelin na Madeira e responsável, há quase duas décadas, pela consolidação do mais premiado restaurante do país.

A receber três convidados, José Diogo Costa (William), Gonçalo Bita Bota (Oxalis) e Filipe Janeiro (Gazebo), Benoît Sinthon sublinhou que o objetivo vai muito além de um jantar especial: trata-se de mostrar ao país e ao mundo que a Madeira é hoje uma ilha gastronómica por direito próprio.

“Estamos a preparar a gala entre nós, a mostrar que a Madeira se tornou indiscutivelmente uma ilha de gastronomia”, afirmou o chefe francês, que soma 17 anos consecutivos de estrela Michelin no Il Gallo D’Oro e caminha para o nono ano com duas estrelas. Para o chefe, estes encontros têm uma função decisiva: “dar dinâmica, comunicar, mostrar que vale a pena visitar a Madeira porque há escolha e qualidade”.

Mais do que uma posição de referência, Sinthon assume um papel de mentor e agregador. “Todos nós sentimos que estamos a fazer o mesmo trabalho: ser cozinheiros. Os prémios chegam com anos de experiência, investimento e equipa. Na Madeira somos uma equipa”, diz, reafirmando o espírito de família que marca a restauração da ilha.

O chefe destaca ainda a importância crescente da nova geração e a transição natural que se vai estabelecendo: “Tem de haver mistura de experiência com juventude, sangue novo, frescura, ideias novas. É isso que está a acontecer e a gastronomia da Madeira cresce com isso.”

O jantar apresentou nove momento, três deles da autoria dos chefs convidados, e uma clara intenção: afirmar a Madeira através dos seus produtos, da sazonalidade e da sustentabilidade. “O mar, a horta, a serra, os produtos da época: é isso que nos inspira”, explica Benoît Sinthon.

A harmonização, a cargo do sommelier Leonel Nunes, reforçou a mesma ideia. A prova foi 100% madeirense, com vinhos que contam a história e a evolução da produção vinícola da região: desde o cada vez mais famoso Listrão dos Profetas, passando pelo já raro tinto Ilha - servido a partir de uma das últimas cinco magnum existentes - até ao Blandy’s edição especial Il Gallo D’Oro, criado para assinalar os 20 anos do restaurante.

A única exceção não madeirense foi o champanhe Carat, servido no cocktail inicial, um exclusivo na Madeira.

A camaradagem e a ausência de barreiras entre estrelados e recomendados foram temas unânimes nas conversas com os chefes convidados.

José Diogo Costa, do William, fala de uma relação “próxima, profissional e de amizade”, que permite a criação de três jantares distintos e ricos. “Mostramos o melhor da Madeira: o produto regional, os fornecedores locais, a diversidade.” Para o chefe, o guia Michelin tem impacto direto na Madeira: “Estamos cada vez mais conhecidos mundialmente.”

No Oxalis, Gonçalo Bita Bota sente o peso simbólico de cozinhar “na casa mais premiada do país”, o Il Gallo D’oro, e destaca: “É incrível a partilha que existe. É genuíno.”

Também Filipe Janeiro, do Gazebo, recomendado pelo guia, destaca o acolhimento de cozinhar com outros chefes: “Sinto-me muito bem recebido, especialmente não sendo madeirense. Há uma cooperação nobre entre todos.” A recomendação deu visibilidade, responsabilidade e novas ambições. “Posicionou-nos num ciclo gastronómico elevado”, afirma.

Todos concordam num ponto: come-se cada vez melhor na Madeira, mesmo fora do circuito Michelin. Há variedade, frescura, sazonalidade e um uso crescente e criativo do produto local.

O ciclo “A Taste of the Stars” é o primeiro passo para o grande momento de 2026. A gala, prevista para 10 de março no Savoy Palace, deverá receber entre 400 e 500 pessoas e terá estações de cozinha assinadas por chefes a anunciar no início do próximo ano.

O objetivo, reforça Benoìt Sinthon, curador gastronómico do evento, é claro: “Mostrar a Madeira e a sua gastronomia.” A ideia de incluir um espaço dedicado a comida típica madeirense está em cima da mesa, ecoando a vontade geral de, finalmente, provar ao mundo que a ilha entrou na primeira linha da gastronomia portuguesa.

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